sábado, 20 de março de 2010

MEU LIVRO!

Prefácio

Pontualmente, faltando quinze minutos para a meia-noite, um carro parou em frente ao Clube 367, esboçando uma sombra através da rua fracamente iluminada.

Do carro desceu uma garota morena, alta, de olhos azuis usando um vestido preto, extremamente provocante, e saltos altos, adornados de pedras.

Parou um momento em frente à entrada e esperou que o porteiro cumprisse seu trabalho. Escancarada a porta, ela sorriu para o para o senhor.

Ela entregou uma nota de cem dólares ao segurança e passou sem a habitual revista.

Sob seu vestido, havia uma semi-automática carregada com balas de prata, cheias de sal.

Mas não que alguém se importasse com isso, é claro.

Capítulo 1

O interior do clube 367 estava cheio, como era de se esperar da mais bem localizada e conhecida casa noturna dos Hamptons. Conhecida por ser o ponto de encontro dos adolescentes mais privilegiados da região, seu interior era como a de uma grande caixa de jóias.

As paredes, em um tom de vermelho escarlate, davam o tom de sofisticação necessário ao ambiente. O bar, que ocupava boa parte do salão, era o lugar mais convidativo a ficar. Com bancos de couro estrategicamente posicionados, dava descanso a pares de Jimmy Choos, Loubotins e Ferragamos de quinze centímetros, de donas com a aparência extremamente convidativa. A música eletrônica pulsava em um volume impossivelmente alto, e as luzes eram fracas e discretas, nos raros lugres onde era necessária.

O ambiente era provocante, quase perigoso.

Em um canto da pista, um garoto alto, dono de um cabelo cor de mel, com os músculos marcados pela camisa social branca meio aberta e os jeans surrados beijava o pescoço de uma garota loira, baixa e magra, com mechas platinadas no cabelo – marca registrada das garotas da West Side High School. – enquanto ela, de olhos fechados, balançava o corpo colado ao do garoto no ritmo frenético da música.

O garoto era o terceiro anista do elitista Colégio West Side, Adam Scott; e a garota era sua controladora namorada, Nicole Bontemps, presidente de todas as atividades acadêmicas que ela achava que deveriam ser levadas em conta.

Estavam com mais três amigos na boate, que estavam em uma das mesas bebendo.

Nesse mesmo bar, há alguns dias, duas garotas haviam sido encontradas mortas, com o salto dos sapatos enfiados na garganta. Mas não que eles soubessem disso, é claro. Alguns milhares de dólares calam a boca de qualquer um.

‡‡‡

O garoto olhava para ela como quisesse algo, e ela retribuía com o olhar de alguém que não iria dar. Era quase engraçado de se ver.

-Amor, pega um drinque pra mim?

Adam olhava pra Nicole com um olhar suplicante, enquanto descolava os lábios do pescoço dela. Dava para perceber claramente que ele não queria sair dali.

-Vai logo, eu estou doente por um drinque. - A garota tirou as mãos da cintura dele e deu um passo para trás, exagerando na afetação.

-Tudo bem. Não demoro.

-Eu quero um Cosmo!

-Já entendi, não demoro. – Adam, o rapaz com os belos músculos e a pouca vontade de se descolar de Nicole, andava em direção ao bar. Sentou-se, e começou a reparar na garota que estava ao seu lado. Sentada em um dos bancos do bar, tomando um Scotch e falando em seu Blackberry, estava uma garota que Adam ainda não conhecia.

Ele reparou que a garota não era do colégio. Não tinha os cabelos platinados como a maioria das garotas de West Side. Tinha os cabelos negros, lisos, a pele branca e as bochechas rosadas. Seus lábios estavam pintados de um coral intenso.

Podia escutar a voz dela no telefone. Era firme, quase intimidadora, mas ao mesmo tempo muito convidativa.

-É, mas isso não acontece todos os dias. – Ela pausou por um instante – Como assim, o que? Quantas garotas com o salto alto enfiados na garganta você ver por aí hoje em dia? É isso mesmo, esse vai ser o problema. Separar a realidade das fofocas dos repórteres. Só que nesse caso não saiu muita coisa na imprensa. – A garota riu – Eu sei que você dispõe de alguns milhares de dólares para abrir a boca das pessoas. Mas por que isso te interessa tanto? Não consigo ver como o meu tipo de serviço pode te ajudar. Ok. Tchau – Ela desligou o telefone e se virou para o garoto sentado ao seu lado. Ele estava olhando para ela com um olhar pasmo. Bom, e daí? Ela pensou que ele não havia entendido praticamente nada da conversa.

Ela nem imaginava.

- Um cosmo, por favor. – Adam falava baixo, como se tivesse vergonha de algo. A garota ao seu lado virou-se em sua direção e começou a rir.

- Um Cosmo? Mas isso não é bebida de “mulherzinha”? – Ele olhou surpreso para ela.

- Um uísque? Mas isso não é bebida de homem?- Ela olhou nos olhos dele, enquanto pensava em uma resposta. Mas, meu Deus! Ele era tão bonito!

- Interessante sua conversa ao telefone. Quem sabe eu não poderia te ligar, e aí nós teríamos muitas coisas interessantes para conversar.

- Você tem uma caneta? – Ela pegou um guardanapo e anotou um número com a caneta que acabara de pegar das mãos do barman. Dobrou o papel e colocou no bolso do garoto. Virou o resto da bebida, deixou vinte pratas no balcão e se levantou. Olhou para o garoto bonitinho sentado ao seu lado novamente, dessa vez com um feixe ameaçador no olhar. Ele desviou o olhar. Havia entendido o recado.

Depois que ela saiu, ele abriu o papel que ela havia colocado em seu bolso, curioso para saber o conteúdo. Leu em voz alta o que estava escrito:

- 190.

‡‡‡